O mercado brasileiro de imóveis de luxo tem algumas características peculiares. Ele independe do crescimento do país e, de tempos em tempos, apresenta forte expansão.
Há alguns dias, a Coelho da Fonseca, uma das principais imobiliárias desse segmento, vendeu um apartamento de 900 metros quadrados no bairro dos Jardins, em São Paulo, por 31,5 milhões de reais. Por mais que o valor seja assombroso para a maioria esmagadora dos brasileiros, negócios desse tipo não são exatamente uma raridade, pelo menos em 2020.
Com a taxa Selic nos níveis mais baixos da história, aplicações tradicionais de renda fixa deixaram de ser atrativas. Na renda variável, o risco é elevado, especialmente em um cenário de pandemia e com incertezas sobre a capacidade de recuperação da economia no futuro próximo. Sem ter para onde correr, os muito ricos compram, portanto, imóveis. As fronteiras fechadas, que bloquearam viagens e dificultaram investimentos no exterior, também estimularam o segmento. Um terceiro fator é o avanço irrefreável do home office. Com a perspectiva de trabalhar em casa, profissionais bem-sucedidos — aqueles obviamente que ganham mais — resolveram investir em moradias.
Junte tudo isso e o resultado é um mercado em ascensão como poucas vezes se viu no Brasil.
O home office desencadeou outro fenômeno: a busca por casas de campo ou até mesmo no litoral. Segundo a imobiliária Lopes, também com forte presença no segmento de luxo, a procura por imóveis desse tipo acelerou 63% durante a pandemia.
No Brasil, de acordo com informações da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), os contratos fechados avançaram 10,5% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2019. A alta expressiva da demanda resulta na valorização dos imóveis. A depender da região do país, os preços subiram entre 5% e 10%.
O luxo é chique, desde que tratado com modéstia e respeito, mas, acima de tudo, pode ser extremamente rentável.